O Cheiro dos Cheiros - Parte II



0 comentários


AME SEU NARIZ!

Os cheiros químicos irritam as mucosas e não são toleráveis por crianças e adultos. Há pessoas que pintam geladeiras e outros produtos a céu aberto, sem as devidas precauções. O odor  da tinta expelida por compressores e aerossóis,  termina causando doenças alérgicas, como asma, resfriados, dores de cabeças e náuseas.


Quanto mais envelhecemos, mais os cheiros marcantes vão se reduzindo, tanto pela preferência, como pela perda olfativa paulatina dos órgãos sensoriais. Existem fatos curiosos sobre os perfumes. No Extremo Oriente muitos perfumes comumente usados, são completamente desagradáveis para os Ocidentais. É imensa a quantidade de sabonetes, brilhantinas, cremes, desodorantes, xampus, fixadores, alisantes e essências que as indústrias de perfumarias lançam no mercado, com as melhores intenções de agradar os consumidores nas suas múltiplas aplicações e escolhas. A maioria desses perfumes é agradável de se cheirar.

Mas, há perfumes por aí que parecem mais desinfetantes para matar baratas. É um martírio ficar junto ou viajar ao lado de quem usa perfumes desagradáveis. Há quem prefira ser natural sem usar qualquer perfume. É uma questão de gosto pessoal. As mulheres capricham na “aromaterapia” e gostam de estar sempre cheirosas, porque este toque sutil as torna sedutoras. Elas sabem como é agradável uma companhia circundada por delicioso perfume. Sabem também que a vida acontece a cada minuto e, às vezes, no minuto mais inesperado. E os homens...? Os homens são outra história. Uns gostam de estar sempre perfumados. Outros acham que isto é coisa só para mulheres e não dão a mínima importância a esta forma odorífera de incrementar a autoestima.

As mulheres possuem olfatos muito mais apurados do que os homens e no período menstrual essas características são mais aguçadas. Mesmo os cheiros ruins são utilíssimos para preservação da nossa saúde. Pelo odor sabemos se determinados alimentos estão deteriorados, devido ao cheiro forte que exalam, ou se estão queimando sobre os fogões. Quando compramos carnes, peixes, queijos e alimentos perecíveis, cheiramo-los para termos certeza de sua boa qualidade.

Crianças são vítimas inocentes de produtos proibidos. Incapazes de distinguir certos odores, elas ingerem substâncias químicas nocivas ou venenosas, principalmente nos gêneros de limpeza e higiene. A mãe Natureza foi pródiga ao nos dotar desse sentido tão sensível e útil para nossa saúde: o olfato, responsável pela triagem dos aromas; retendo por mais tempo os odores desagradáveis do que os agradáveis. Este processo inverso nos protege contra os primeiros, normalmente não salutares para nossa saúde.

Lembro neste artigo, os cheiradores de rapé, ou torrado (Tabaco em pó), muito usado por nossos ancestrais, como costume sofisticado e esquisito para provocar espirros. O rapé era guardado em “cornimboques”, ou tabaqueiros, geralmente feitos da ponta dos chifres de bois, com vistosas tampas de metal ou de prata. Nos tempos de antanho era charmoso exibir esses penduricalhos símbolos de status. E era cortês oferecer uma “pitada de torrado” aos amigos. Isso significava respeito e consideração. Porém, paulatinamente esse costume ficou para trás, pois, descobriram coisas mais importantes para cheirar...

Desde crianças acostumamo-nos com determinados cheiros. Entre estes estão o cheiro do café passado na hora, do pão torrado com manteiga, das pipocas que acabaram de pular nas panelas, que, pelas suas características se tornaram cheiros familiares e agradáveis. Na guerra dos cheiros, os fabricantes se esmeram para nos dar o melhor que podem. Se nossos cheiros naturais são agradáveis e funcionam como isca entre sexos, imaginem como mulher e homem ficam irresistíveis besuntados de sândalo, pau rosa, cedro, bergamota, almíscar, alfazema e delícias como pitanga, limão e tangerina, sem contar com os sofisticados perfumes químicos.

Quando Deus criou homem e mulher, deu-lhes narizes biologicamente perfeitos. Ele não se preocupou em fazê-los como catedrais góticas, nem protótipos de alguma das maravilhas do mundo. Se alguns narizes são entregues aos seus donos com defeitos de fabricação, isso não invalida seu desempenho natural, que é proteger nosso organismo contra impurezas. De qualquer forma nossos bonitos ou feios narizes, jamais vão concorrer com sedutores lábios simétricos, nem com pares de olhos castanhos, negros, azuis ou verdes.

O nariz acaba sendo importante arma contra catástrofes. Dizem que a aproximação de tubarões nas praias é prenunciada pelo cheiro de “melancia”. Nos casos de incêndios, o nariz é sentinela mais veloz do que a visão, na suspeita do perigo iminente. Ele detecta o cheiro de “coisa queimando” à distância, enquanto a vista nada descobre. O cão perdigueiro é o maior “cheirador” de todos. Ele é capaz de encontrar a caça pelo olfato, até 4 dias após sua passagem, num raio de 150 kms. Por isso, deram-lhe o apelido de Sherlock dos animais. O cheiro do gato macho estimula a fêmea a ficar na posição da cópula.Os cães farejadores são exímios auxiliares da polícia na localização de drogas nos aeroportos, rodoviárias, estações de trens e nas investidas contra criminosos. 

Como cheirar não faz mal nem é pecado, costumamos cheirar deliciosos petiscos culinários, antes de degustá-los com feliz sensação de prazer. Antes do beijo na mulher amada vem sempre um cheiro, de leve. Os selecionadores de essências, bebidas, chás,  e cafés, conseguem identificar seus cheiros, pureza e até procedência. O virtuosismo culinário dos Mestres-cucas que servem comidas quentíssimas, vem do calor: quanto mais alta a temperatura da substância, maior é o número de moléculas lançadas no ar, tornando o cheiro mais ativo e intenso.

Existem milhões de cheiros bons e ruins, com os quais somos obrigados a conviver dia e noite. Por amostragem, enumero alguns dos cheiros bons. Um bebê após o banho é uma delícia. Deliciosos também são os cheiros de terra molhada. Um jardim numa manhã de primavera. Capim cortado. Folhas recém-colhidas de camomila. O entrecasco do marmeleiro. As folhas da pitanga, do manjericão, cravo-da-índia, capim-santo, baunilha, erva-cidreira, alecrim e as resinas podem despertar nosso subconsciente para emoções que nos lembram algumas épocas felizes das nossas vidas. Inesquecíveis são os cheiros do carro novo e do livro saído da tipografia.

Agora alguns cheiros ruins. Ninguém cheira, sem sérias consequências, os éteres, o clorofórmio e o amoníaco, em virtude dos seus odores pungentes. Há cheiro pior do que uma galinha molhada? As belíssimas flores com as quais presenteamos pessoas queridas, exalam insuportável odor após alguns dias de vida em preciosos vasos. O cheiro dos estábulos é agradável para uns e desagradável para outros. Um ex-Presidente brasileiro esbravejou raivoso em certa ocasião: “Prefiro o cheiro de cavalo ao cheiro de gente!”. Afirmam  insignes perfumistas que a influência dos odores, mexe com nosso estado emocional e é capaz até de eliminar a preguiça e ajudar na recuperação da concentração.

Autor Rivaldo Cavalcante

0 comentários:

Postar um comentário

Agradecemos seu comentário!

newer post older post