Envelheci...



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Envelhecer. Eis a angustiante questão.

Antes de resmungar e blasfemar, veja-se como
o reflexo de uma perfeição suprema.

Mas não se afobe não, querido amigo, querida amiga.
Tudo que nos acontece é fruto do nosso viver neste mundo passageiro.
Vivemos entre o bem e o mal, entre alegrias, sorrisos e lágrimas.
Abraços de chegadas e abraços de despedidas.


Somos inteiramente manejados pelas ações do tempo que nos lapida
frente e verso, fazendo de nós o que realmente somos e não
o que gostaríamos de ser.
Nossa presunção de passar pela vida como belos e fagueiros
mocinhos é ilusória e até certo ponto injusta perante os desígnios Divinos.

Temos que criar limos, como as pedras criam também. Temos que
 nos cobrir com nova capa de tecidos envelhecidos pela idade.
Temos que aceitar as deformações naturais propiciadas pelo seguir
em frente, como contemplativos vigilantes da eternidade.

Andar cambiante, vista curta, coração claudicante, mãos trêmulas
e pensamentos vagos. Assim é que vamos enfrentar o que essa idade
nos reserva, quando o tempo for passando de forma mais acelerada,
empurrando-nos para a frente já como motores obsoletos.
Cumpre-nos aceitar o desafio do destino caminhando de
cabeça erguida, de mãos postas em agradecimentos pelo
tanto que aqui vivemos; apreciando os mais lindos acontecimentos e
convivendo também com muitas misérias que
brotam nos corações da estupidez humana.

Vivamos não como peças amorfas. Mas como holofotes que indicam
os melhores caminhos a serem percorridos pelos
que vêm atrás de nós. Compreendamos que envelhecer
não atinge uma ou dez pessoas.
Mas é semelhante a uma grande porteira pela qual todos
devem passar; desde que tenham sorte de atingir a senectude.
A grande poesia dessa idade é o sonho!
A sua grande virtude é a aceitação!

Tentemos nessa derradeira caminhada pelo nosso mundo interior,
o esforço de não deixarmos o nosso barco afundar
como açoitado por intenso vendaval. Mas pratiquemos o melhor. 
Desejemos o melhor, Busquemos o que mais nos agrada fazer até
quando o "finalmente" bater à nossa porta. Estejamos preparados
como fazem os soldados sentinelas nos quartéis.

Tentemos receber o envelhecimento como precioso prêmio,
sem recriminações pueris, sem alardes e lágrimas excessivas,
que de nada valerão. Já que seu tempo vai, aos poucos,
perdendo-se no espaço que circunda todo o Universo.
Este é um dos grande enígmas da vida!

Enfim, nunca se sinta obsoleto ou um intrusão.
Estejamos alertas para os acontecimentos muito embora alguns
deles escapem aos nossos conhecimentos
e estejam longe do nosso entendimento senil.
Veja bem! A velhice em si não é triste
e sim a sua espera e hospedagem dentro de nós...

Viver é isso.
É atravessar as fases da existência, formando nossas consciências
para as experiências futuras. Para descomplicar o
emaranhado labirinto que a vida nos ofertará de presente.
Todos nós indistintamente teremos muitas oportunidades na vida.
Construiremos nossos castelos com a argamassa que produzirmos
no labor diário. Na astúcia de saber até onde pode elevar-se
 nossa imaginação, na priorização dos nossos desejos que,
zelosamente, escondemos dentro dos nossos corações.
O maior segredo é aceitar as situações como naturais.

Amigos e amigas que estais agora saboreando todo
encanto do envelhecimento, não jogueis fora vossas pretensões.
Não permitais que o bafo quente da inércia entrave vosso caminhar;
nem que vossa vontade se dobre inerte, como se estivésseis diante
de um mito intransponível, apelidado de "velhice".

Não quero ser exemplo para ninguém. Mas como viajante
no trem da velhice, estou aprendendo a olhar o mundo como
 um sortilégio onde me foi dada a oportunidade de não
 ficar muito rasteiro, como a grama dos jardins públicos.
Mas tive a oportunidade de aprender o que de necessário
se faz para olhar em frente e ver além e não apenas
junto aos meus próprios pés.

Estou recebendo a velhice como um prêmio de Deus.
 E isto me conforma o bastante.
Sei que mais dias, menos dias, estarei fora deste mundo.
Mas para onde for, irei leve como uma pena e levarei comigo
toda sapiência que amealhei nesses longos anos,
neste palco repleto de ilusionismos e grandes oportunidades 
chamado Universo. Insira no seu follow up esta idéia e aproveite
minutos, horas, dias e anos; aceitando que você é apenas um
passageiro em trânsito na imensa constelação universal!
Mas, nunca se permita ser "rabugento, revoltado, misantropo"!

Esbanje alegria ao seu derredor.

Autor Rivaldo Cavalcante

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