MEU PAI, MEU ÍDOLO!



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Pai!


Sei que você sempre sonhou com um mundo melhor.
Com um mundo quase mágico; onde cada ser humano pudesse exibir qualidades boas, honestas, verdadeiras... e almejar a felicidade!

Um mundo sem desigualdades, insegurança econômica, medo do dia seguinte, intranquilidade no lar e solidão urbana. Sei que faz parte do seu ideal viver num mundo sem discriminações, injustiçados, desassistidos, desempregados e marginalizados. Sem casais descartáveis e filhos descartados. Coisas que têm sido constante ameaça à dignidade do homem, da mulher e da família nos dias atuais.


Recentemente o surpreendi pensativo e abstraído. Quase entrei no seu mundo particular. Mas respeitei o seu silêncio. Compreendi que você deseja um mundo onde as Igrejas e Templos sejam mais frequentados do que bancos, cassinos, praias, delegacias e tribunais de pequenas e grandes causas.

Você quer que a vida enseje às pessoas, terem mais valor do que copos de cerveja, barras de ouro ou montes de papéis tidos como importantes. É nesses momentos de introspecção que percebo o Pai que você é; capaz de aceitar os fatos como eles se apresentam e não como desejamos que sejam. Capaz de  saber recomeçar, quando isso é necessário. Sinto quanto você sofre quando acontecem mudanças necessárias, que transformam o desenvolvimento político, intelectual, social, industrial, trabalhista e a qualidade de vida. Tudo isso é bom, mas nivela tudo e todos, com carências que permanecem insolúveis.

Não gosto de vê-lo sozinho, Pai!
Quando assim o encontro, como se falasse silenciosamente com seus botões, entendo que no emaranhado da existência você desempenha papel fundamental, assoberbado pelas responsabilidades que a dignidade de pai lhe outorga: a manutenção do lar, a orientação da família, suas responsabilidades profissionais e a incessante busca de um “final feliz” para tudo isto.


É gratificante observá-lo fazendo pequenos consertos domésticos: uma torneira que pinga, a telha quebrada, a troca da lâmpada do banheiro, a poda do jambeiro e tantas outras pequenas mágicas que você faz com paciência; nem sempre com instrumentos adequados. Já vi você improvisar muitos deles, para não deixar a tarefa inacabada.


Preciso usufruir intensamente do seu amor de Pai, que orienta, repreende, perdoa, compreende e aconselha quando as coisas não querem dar certo. Acho que este é o principal papel do bom pai! No show emocional da vida quero que você me fale muitas vezes daquele “lá”. Muita gente me diz: “Calma, que você chega lá!. Onde fica esse “lá”. Será que ele existe ou tudo não passa de utopia?

Eu sei, Pai, que não podemos aceitar sonhos acabados! Cada novo dia deve renovar nossos sonhos e a maneira de executa-los. Se a penúltima tentativa falhar, ainda há tempo para a última. Chega, então, o momento de contarmos tudo a Deus. Ele sempre caminha ao nosso lado, conhece nossas fraquezas e é capaz de  nos carregar nas costas, quando a caminhada é difícil. Quero que você seja a luz que ilumina a noite escura dos nossos desalentos.

Fico feliz quando o vejo de bem com a vida. Ao seu lado, sejam quais forem as circunstâncias, sinto-me protegido. Aprecio sua atitude de juiz, quando necessita intermediar uma questão delicada. Você sempre ouve as partes com calma e lucidez e encontra a solução correta. Quanta grandeza d`alma existe no ato de perdoar, abençoar, conduzir e amar!

Quase não andamos lado-a-lado nem conversamos. Pensando bem, nem sei qual a sua canção preferida, seu clube de estimação, a cor e o divertimento preferido, que religião professa e o que mais gosta de fazer. Sinceramente, meu velho, nem sei que tipo de trabalho você faz. Se tem amigos e se é feliz ao lado de mamãe! Parece que entre pais e filhos há uma barreira invisível que impede o diálogo, a aproximação. Desculpe, Pai, tanta negligência de minha parte. Pelo sim pelo não, saiba que o amo muito!

Não quero vê-lo desorientado como um barco sem rumo. As amarguras viram folhas mortas. O dia seguinte sempre é prenúncio de novidades, de presentes que Deus nos manda. É só desatar o laço e aproveitá-los. Orgulho-me de você, Pai, tanto quanto desejo que me ame. Invejo-o quando desafia o óbvio e sai vitorioso. Você é bonitão e sabe tudo!

Quando você está por perto, as distâncias encurtam, a caminhada fica menos difícil, os objetivos mais próximos, a pressão arterial se normaliza, o sorriso aflora com facilidade, a coragem aumenta e eu me sinto entre dois braços: o braço direito de Deus e o seu braço esquerdo!

Adoro seu jeito de ser. Seu sorriso, essa voz desafinada de tenor de banheiro, o modo como organiza seus pertences. Orgulho-me de você, Pai, e sei que muitos filhos gostariam de ter um pai assim. Não permitirei que a irreverência de minha juventude, egoísta e descompromissada seja obstáculo entre nós. Serei  um jovem sensato e obediente.

Necessito de sua vigilância constante. De sua intromissão no meu coração de jovem, Preciso de sua companhia e que veja seu filho como uma prenda valorosa e não como um fardo insuportável. Quero andar mais ao seu lado, conversar mais, divergir mais, aprender mais como dois jovens, que a idade não comprometeu.

Desejo ser mais importante do que a cotação do dólar, os títulos das Bolsas de Valores, as revistas imorais. Que invista mais em mim do que nas cadernetas de poupança ou na ilusão das loterias. Espero receber mais atenção do que as telenovelas que confundem as mentes juvenis; apelando para mundos e oportunidades que não existem. Que nunca, Pai, você me diga:
“Não tenho tempo agora, meu filho!

Quero segredar-lhe o que espero da vida, qual é o meu ideal, quais os medos que me apavoram, do que gosto e do que não gosto. Quero que saiba os lugares que frequento e com quem ando. Quero dar opiniões e receber sugestões válidas. Quem sabe possamos até planejar algo para melhorar este mundão, cheio de trapizongas que precisam ser avaliadas, melhoradas e mudadas!

Tudo lhe devo, Pai! Sou fruto sagrado da história de um amor que você vem construindo palmo a palmo ao lado da mamãe. Você é o roteiro de uma história que procurarei plagiar, inspirado no seu caráter, inteligência, coragem e amor.

Obrigado, Pai! Seu filho.

Autor Rivaldo Cavalcante

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