Para onde vão as nuvens?



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Para onde vão as nuvens?

      Hoje estava no centro da cidade e presenciei um espetáculo soberbo. Eram 9:30 da manhã. Uma manhã ensolarada e clara.           Nenhum prenúncio de chuva ou trovoada.
      No ar matinal bailavam fios dourados de viçosas esperanças!

      O céu apresentava-se com uma beleza incomum. Nuvens e mais nuvens suspensas no ar, passeavam muito vagarosamente pelo firmamento. Como namorados frenéticos.
      Abstraído, fiquei atento à bela exibição, procurando as nuanças, admirando o desfile sem pressa das nuvens e os pormenores que nos tornam crianças, diante de um mundo indescritível.


      Foi quando veio-me à mente a indagação:
PARA ONDE VÃO AS NUVENS?

      Sim, para onde elas estão se deslocando tão elegantemente e sem pressa. Parecia até que estavam paradas no ar, enchendo nossa cidade de ondulações policromáticas e belezas raras.

      Que direção norteiam seus caminhos neste mundo profundamente misterioso, quer no esplendor dos dias ou na escuridão das noites?
      Quem as faz tão sublimes; sem nenhum sinal de desgaste, de envelhecimento.
      As nuvens são sempre novas. Estão sempre bem lavadas e, com certeza, cheirosinhas. 
      Não há nuvens tortas, poluídas e recicladas. As nuvens são puras.
      O seu passear é uníssono. Elas não se atropelam, procurando os primeiros lugares.
      Seus roteiros são silenciosos e ritmados. Nuvens não fazem barulhos.
      Porque todas conhecem a direção a seguir no espaço eterno.


      Mas, para onde as nuvens vão, nessa sucessão infindável de dias e noites?

      Silenciosamente e com garbo elas passeiam sobre nossas cabeças, como a revoada de um bando de aves gêmeas, misturadas num festival de policromias.
      Nunca é demais apreciar como as nuvens não têm pressa de chegar.       
      Para onde elas vão, sempre chegarão com a mesma beleza, como que de braços dados num passeio milenar na vastidão do infinito.
      Por que as nuvens não caem? Nunca soube de alguém ou alguma região que tenha sido atingida por rajadas de nuvens.


      As nuvens são voláteis, leves e certamente macias. Se pudéssemos juntar um monte delas num canto de parede para acariciá-las, em sua textura e, quem sabe, sondar seus sentimentos e destinos rotineiros.

      Será que há um momento em que as nuvens se desfazem, dissociam-se do bando, para passearem egoisticamente sozinhas?       Aos pedaços?
      O comando que rege uma nuvenzinha rege todo o conjunto gigantesco.
      As nuvens vestem a imensidão celestial com vestidos de noivas.


      Não há respostas para perguntas como estas:


"Desde quando as nuvens são nuvens e nos divertem com seus errantes passeios"?
"Que força misteriosa idealizou e criou as nuvens".
"Que prodigiosa tecnologia suspende as nuvens tão alto sobre nós"?
"E se não houvesse nuvens, o que haveria no vácuo, nessas paragens insólitas?"
"Por que as nuvens não despencam?"
"De onde vêm as nuvens por ocasião do alvorecer"?
"Que poder as sustenta nas alturas formando garatujas
com contornos de desenhos animados?"


      Quando for possível, pare para olhar as nuvens. Por ocasião do pôr-do-sol elas se tingem de cores avermelhadas, como imensas bolas de fogo.

      É a hora do crepúsculo. É quando a saudade aperta e nos sentimos sós neste mundo repleto de mistérios; cada um mais misterioso do que o outro.

      Mesmo assim, ainda tem quem não acredite em Deus.
      Em Deus, todo poder e bondade!
      Será que alguns seres humanos têm inveja de Deus, porque não são capazes de fazer as maravilhas que Ele faz e nos presenteia generosamente?
      Sem cobrar cachê nenhum!
      Acho que quem não O aceita ou não acredita Nele, é porque
está com o amor-próprio ferido.
      Para ter certeza da existência de Deus, basta apreciar e sentir quatro emoções:
      O nascimento de um bebê, as nuvens, os mares e a maciez do vento desalinhando nossos cabelos à beira mar...


      Digam-me gondoleiros do amor, para onde vão as nuvens?

      Elas hoje estiveram tão perto de mim e eu não as alcancei com minhas mãos!
      Só admirei toda beleza passageira como um capítulo novo da minha vida antiga.

Autor Rivaldo Cavalcante

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