O Umbigo



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O umbigo é um sensacional referencial do corpo humano. Geralmente damos-lhe pouca atenção, devido à sua localização e por manter-se sempre escondido. Sem umbigos, porém, homens e mulheres seriam verdadeiros espantalhos. Pare um pouco e pense na pessoa que você ama sem umbigo, hein?


Na verdade o umbigo é uma cicatriz, situada na linha média da parede abdominal, que corresponde ao ponto de inserção do cordão umbilical; estrutura vascular que liga o feto à placenta, durante a gestação.Cicatrizada a região, fica somente a marca umbilical de cada pessoa. Uns enroscadinhos como folhas de couve. Outros mais à vontade se afunilam como caracóis. Nessas alturas o umbigo passa a não ter nenhuma função, a não ser dar aquele toque de magia ao corpo humano. Os homens não ligam muito para seus umbigos; uns nem sabem que os têm. Mas as mulheres os veneram, pelo encantador poder de sedução que eles provocam. 

Até por volta dos anos 60 era escandaloso e pecaminoso as mulheres mostrarem os umbigos. As vestimentas eram severas. Os maiôs tinham uma só peça , juntando o corpete ao short, para que essas maravilhas não atiçassem a concupiscência dos homens. Os marmanjos gostam muito de pesquisar e admirar os umbigos femininos. As mulheres não dão a mínima, com relação aos umbigos masculinos.

 Com a chegada do progresso e da tecnologia, as coisas melhoraram para as mulheres e os umbigos foram desnudados, para regalo de quem gosta desse tipo de afrodisíaco. Gosto de apreciar os umbigos provocantes e fagueiros, das menininhas que estão desabrochando agora. Faz tempo que não vejo o umbigo de minha mulher. Qualquer dia, darei uma espiadinha de leve, para ver se ainda está no mesmo lugar de antigamente.

Nunca ouvi falar em cirurgia do umbigo. E nem precisa dessas brutalidades, contra uma rodelinha tão maravilhosa e perfeita. Na minha  definição, o umbigo é um marco limítrofe, que demarca o que é de cima e o que de baixo. Certa ocasião encontrei uma amiga recém casada e lhe perguntei: “Como vai o Mané?” Ela respondeu: “Cada vez mais fofinho do umbigo pra baixo!”.Semana passada visitou-nos uma amiga de seus bem vividos sessenta e seis anos de idade e indaguei: “Então, como vai o Chico?”. Ela retrucou: “Está ótimo! Adoro meu marido, principalmente do umbigo pra cima!”. Como se vê, o umbigo é um divisor de gostos e prazeres.

 Como a sociedade mudou! As vestimentas femininas se adaptaram às exigência dos gostos e encurtaram, para gastar menos tecido e dar maior amplidão ao panorama. E também para facilitar o meneio dos umbigos. As mulheres, perderam a vergonha de exibir os delicados umbiguinhos, e o fazem à torto e à direito.Acabou-se aquele tempo angelical dos umbigos guardados a sete chaves, como tesouros. Hoje, dá-se mais atenção aos umbigos das mulheres do que ao brilho dos seus olhos. Às auras que as circundam. Aos sorrisos prazerosos. Ao modo faceiro de ser. Prioritário agora são os umbigos, que captam nossas atenções, como se a aurora despencasse do céu no nosso colo. Bela alegoria!

 Não aprecio o exibicionismo de certas senhoras em adiantado estado de gestação, que teimam em botar seus umbigos à mostra. Outro dia vi uma que chegou ao ridículo. Sua barriga enorme estava abaixo da linha da cintura, pela enormidade daquele sacrossanto abrigo, onde se via um umbigo do tamanho de uma batata inglesa das miúdas, querendo de toda forma, ser expulso da cavidade umbilical. Deste modo o umbigo deixa de ser uma atração, para ser um adereço sem graça, ou até grotesco. 

Tenho apreciado o sacrifício das moças que adornam seus inocentes umbigos com corpos estranhos, tipo piercings, para aguçar a atenção dos homens. E conseguem. O que fica no ar é como aqueles trecos são colocados num recinto tão delicado e restrito. Se são de rosca, grudados com algum tipo de cola resistente ou se afixados por ventosas. As mulheres fazem de tudo para mimosear seus umbiguinhos lindos! Será que aquilo dói? Sinceramente os umbigos adornados com modismos nunca me agradaram, acho até  intrigante sensação de vulgaridade. Umbigo é bom mesmo despido, nuzinho. Vejo esta ostentação como se na barriga da mulher que usa esses penduricalhos enfiados no umbigo, tivesse uma placa anunciando:

“Olha meu umbigo aí, gente!”

Autor Rivaldo Cavalcante

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