Amor com amor se paga



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Nosso casamento vem de muito longe.
É uma vivência a dois sob a égide do Respeito e do Amor.
Com registro no Cartório da Felicidade!

Foi um acontecimento feliz nas nossas vidas, no verdor da nossa mocidade.
Lembro que naquela tarde noite, olhei para o Cristo crucificado no altar da igrejinha onde casamos e perguntei-lhe: "Senhor, e agora?"
Ele nem sorriu para mim e não me deu resposta.


Deduzi, então que teria de me virar sozinho, para dar contas daquela moça linda ao meu lado, sorridente e fogosa!
Estava tão enlevado que nem me lembrava quem era eu.
Foi um momento de êxtase espiritual. Prometi de mim para mim seguir em frente, não obstante os degraus à subir.
Ou os barrancos a descer!

Depois das núpcias e de toda programação do congraçamento familiar, vimos o tempo passar. Demos tempo ao tempo. Sem nos preocuparmos muito com o futuro. Entregamos o nosso futuro nas mãos de Deus e seguimos em frente.
Dizem que Ele ajuda e ampara quem precisa. Não deu outra!
  
Dias, semanas, meses, anos foram se sucedendo. Chegaram os sete filhos.
Foi aquele alvoroço, aquela festa. Mais despesas. Mais compromissos, mais feijão e pão com manteiga. Mais roupas, escolas etc.
Nossos filhos foram tomando jeito de gente e crescendo, cada qual à seu modo. Todos ricos de valores.
Sob nossa constante vigilância e proteção de Deus.

Era aquela amabilidade, aquela troca recíproca de atenções e, sobretudo, de tolerância. Porque sabíamos que a vida é muito difícil.
Mais difícil ainda sem tolerância bilateral.
Quando dois jovens se decidem tornarem-se um casal é preciso muito amor e, sobretudo, tolerância. O amor é lindo, mas as necessidades têm cara de poucos amigos.

E o tempo foi sempre seguindo em frente e nos carimbando com suas marcas no princípio indeléveis, depois mais profundas.
A filharada cresceu.
Cada qual decidiu tomar um caminho diferente. Isso foi muito legal!
Como não podemos deter o tempo. Ninguém pode. Ajustamo-nos às circunstâncias e nos integramos piamente à vida de casados.
Como um compromisso irrompível, pétreo.
Com o testemunho de Deus, dos anjos e santos.

Aí aconteceu o inusitado. O amor transbordou pelas beirados do telhado pelas janelas e portas.
Era madrugada. Insone, levantei-me e fui comer uma frutinha na cozinha.
De lápis e papel nas mãos o coração falou mais alto e eu fiz este singelo versinho para minha amada. Em tom de afago, de gratidão por ela ter coragem de me aturar tanto tempo.
E ainda me fazer gostosos carinhos!
Depois desta homenagem, de 0 a 10, nosso love subiu para 11.
Mas em algumas ocasiões ele despencava, parecendo o pregão da Bolsa de Valores em baixa. 

Eis o versinho, que ainda recito, com amor, todas as noite para ela, ao longo destes 58 anos de matrimônio,
sem rugas por causa da camisa mau lavada ou do feijão queimado, com nossos travesseiros por testemunhas.

"Querida.
Já rezaste a Santo Antônio
E ele bondoso te deu.
Para marido um santo
E este santinho sou eu.
Rivaldo"

Autor Rivaldo Cavalcante

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